16 agosto 2013

O famoso eclipse de 1919

A maioria das pessoas que curte astronomia e que sempre estão lendo sobre assuntos relacionados, uma hora ou outra acaba lendo sobre o famoso eclipse de 1919 em Sobral no Ceará.
Mas o que fez com que esse eclipse fosse diferente dos demais?
Einstein queria comprovar a sua teoria de que um feixe de luz, ao passar por um corpo de grande massa, sofreria um desvio, comprovando assim a sua teoria da relatividade geral. E para que isso pudesse ser observado, era necessário um eclipse total do Sol. Mas vamos por partes.
Primeiramente precisamos compreender essa sua teoria.

É comum acontecer na história da ciência que algum cientista se torne famoso por alguma descoberta. Mas geralmente muitos outros, antes ou simultaneamente, estudam o mesmo problema. No caso, a deflexão da luz já tinha sido questionada por outros cientistas como o astrônomo inglês John Mitchel e pelo astrônomo alemão Johann Georg Von Soldner bem antes de Einstein.
Segundo essa teoria, a luz vinda de algum objeto no espaço, como por exemplo, uma estrela, deveria ser desviada pela gravidade de um corpo bem massivo. Em outras palavras, a geometria do espaço-tempo, que é curva, defletiria o feixe de luz. Essa luz se desviaria com certo ângulo que poderia ser medido.  Na teoria de Einstein esse ângulo seria duas vezes maior ao encontrado pela mecânica Newtoniana.
Assim, a imagem que veríamos estaria numa posição aparente, deslocada da posição real do objeto (ver imagem acima).


Original de Einstein esboçando a deflexão da luz.

Mas isso era só teoria. Precisava-se de uma observação para comprovar sua validade.
O cenário escolhido foi durante um eclipse total do Sol. O que seria feito é fotografar uma região do céu com estrelas e quando o Sol passasse por essa região, teoricamente, desviaria a luz vinda dessas estrelas. Mas seria difícil observar isso por causa da grande luminosidade do Sol e é aí que entra a utilidade do eclipse. Durante o eclipse total do Sol, a Lua, que está alinhada com o Sol e com a Terra, cobriria todo o disco solar e, assim, nos tornaria possível a observação da luz das estrelas desviada.
O eclipse de maio de 1919 foi o escolhido para esse grande momento.
Foram investigados os locais prováveis de totalidade do eclipse com melhores condições climáticas e foram escolhidos dois lugares. Assim, duas missões foram organizadas. Uma para a cidade de Sobral no Ceará e outra para a Ilha de Príncipe, no Golfo da Guiné.
A primeira era composta pelos astrônomos ingleses Andrew Crommelin e C. R. Davidson. A segunda por Cottingham e Eddington.

Vista panorâmica do observatório em Sobral.

Equipamentos utilizados em Sobral.

A comissão brasileira, que foi chefiada pelo então diretor do Observatório Nacional, Henrique Morize estava interessada em estudar outros aspectos do Sol, diferente dos ingleses.
Para agonia geral, na manhã do dia 29 de maio, o dia do eclipse, o dia amanheceu encoberto. O céu abria um pouquinho, fechava de novo e assim foi durante os primeiros minutos. Imagina o desespero! Mas, para nossa alegria, o céu abriu e conseguimos fotografar o eclipse durante sua totalidade. Um sucesso!

Foto do eclipse de 1919 em Sobral.

Já na Ilha do Príncipe, devido ao céu encoberto, poucas fotografias poderiam ser aproveitadas.
Bem, o final da história todos conhecem: Einstein estava certo! Ele recebeu um telegrama em setembro do mesmo ano com os resultados.

Museu do Eclipse em Sobral.


Para comemorar os 80 anos do eclipse, Sobral inaugurou, no dia 29 de maio de 1999, o Museu do Eclipse, onde a luneta e as fotos originais utilizadas para comprovar a teoria de Einstein estão em exposição, além das fotos que registram a presença da expedição à Sobral.





E termino com a frase do nosso querido Einstein de 1925: "A questão que minha mente formulou foi respondida pelo radiante céu do Brasil"

Mirian Castejon Molina

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